segunda-feira, 23 de julho de 2012

O que pesar na hora de decidir entre o emprego atual e uma nova proposta?

Para os especialistas, a remuneração deve ser levada em conta, mas não deve ser o fator crucial



Você estava em um dia normal de trabalho quando, de repente, recebe um convite para uma entrevista de emprego. Se você já estava insatisfeito, não há dúvidas. Mas e se estava feliz, o que fazer? "Vá à entrevista para conhecer gente. Isso não significa que você tem de aceitar", diz a coach Daniela do Lago, mestre em comportamento organizacional. "Ouvir não custa nada, o máximo que vai acontecer é ser uma proposta que não te agrada, você agradece e a vida segue".
Para a psicóloga e consultora organizacional Izabel Failde, o essencial é ter coerência na hora de decidir e equilíbrio para ponderar os prós e contras de cada empresa. "Resoluções tomadas a partir de situações desconfortáveis passageiras podem comprometer carreiras promissoras", afirma Izabel. O UOL Comportamento conversou com especialistas para saber o que é importante pesar quando se cogita trocar de emprego.
  • Avalie a nova empresa
Segundo a psicóloga organizacional Izabel Failde, é preciso avaliar qual o porte e abrangência (nacional, internacional) da empresa que pretende te contratar, como ela é vista no mercado e se tem registros de queixa no Procon e sites de denúncia. "É igualmente válido conhecer sua biografia: tempo de fundação, como começou, onde está hoje", diz ela. Para o especialista em desenvolvimento profissional e gestão de pessoas Renato Grinberg, é importante avaliar se essa corporação faz parte de um mercado que está crescendo. Procure saber quais são os valores e a missão da empresa. "Valores opostos levam ao estresse e a práticas com as quais o funcionário não concorda, o que pode estimulá-lo a mudar de emprego novamente", afirma Izabel. 
  • Possibilidade de Crescimento
"Ganhar menos é válido se há a possibilidade de ascensão no novo emprego", afirma o especialista em desenvolvimento profissional e gestão de pessoas Renato Grinberg. Para a psicóloga organizacional Izabel Failde, antes de tomar sua decisão é fundamental questionar até onde você pode chegar na nova empresa e em quais áreas poderá atuar. A partir daí, deve-se estabelecer uma comparação com a possibilidade de crescimento profissional em seu emprego atual para avaliar em qual local você tem mais chances de crescer.
  • Ambiente
O mais importante para garantir uma boa performance no trabalho é se sentir bem na empresa, segundo o especialista em desenvolvimento profissional e gestão de pessoas Renato Grinberg. Segundo a psicóloga organizacional Izabel Failde, é possível perceber o clima do local desde o processo seletivo. "É importante observar tudo: a forma como ele é conduzido, a ética, o profissionalismo e a consideração ao candidato. Caso a seleção seja feita na própria corporação, a avaliação do ambiente e dos trabalhadores também pode ser significativa", diz ela. Para Izabel, até a portaria e a recepção podem dar uma prévia do que lhe aguarda. "Se o primeiro ambiente de contato for sujo, descuidado, com pessoas mal-humoradas, desinteressadas, sem profissionalismo, a possibilidade de isso se repetir no ambiente interno é muito grande", afirma. O comportamento de seu chefe também deve ser avaliado, visto que boa parte da atmosfera de seu trabalho dependerá dele. “É importante que exista uma admiração, um respeito, porque se não houver, em pouco tempo você pode estar insatisfeito”, diz a coach Daniela do Lago. 
  • Remuneração
Não só o salário oferecido, mas também os benefícios devem pesar nessa decisão. É natural que a outra empresa tente convencê-lo a mudar de emprego com uma ótima proposta, mas é preciso ser forte e não deixar que só isso decida seu futuro. "No mercado de trabalho, quando você recebe um convite, costuma-se oferecer de 30% a 40% a mais do que seu salário", diz a coach Daniela do Lago, mestre em comportamento organizacional. "Mas se te oferecem um valor três vezes maior para fazer algo de que não gosta, não adianta”, afirma Daniela. Claro que se você está insatisfeito com o emprego atual, é o momento de partir. Mas se está feliz, pode aproveitar para negociar com a nova empresa. "É a oportunidade de pedir benefícios e o salário que você quer. O máximo que pode acontecer é você ouvir um 'não' e continuar no emprego atual”, diz.
  • Qualidade de Vida
É fundamental pesar se sua qualidade de vida irá melhorar com o novo emprego. Se o novo trabalho é muito mais perto da sua casa, por exemplo, é um bônus. “Itens como a distância entre residência e a empresa, o trânsito que você tem de enfrentar e se você terá horário flexível de trabalho devem ser considerados”, afirma a psicóloga organizacional Izabel Failde.
  • Tempo na Empresa
Trocar de emprego com muita frequência pode ser prejudicial para o seu futuro profissional. "Se você tem menos de um ano de casa, é preciso analisar mais, porque o risco é maior. Se você não gostar do novo emprego, sair mais uma vez não é bom para o currículo", diz o especialista em gestão de pessoas Renato Grinberg. Para o educador e especialista em orientação vocacional Maurício Sampaio, membro da ABOP (Associação Brasileira de Orientação Profissional), mudar muito de empresa tem dois lados. "Para uma corporação, receber pessoas que já tiveram outras experiências é bom, porque mostra que elas tiveram uma vivência maior. Mas isso pode mostrar que o funcionário não se adaptou a lugar nenhum", afirma. Para a coach Daniela do Lago, o tempo de casa deve variar de acordo com o cargo. "Um diretor precisa ficar no mínimo de três a cinco anos, porque é o tempo necessário para que ele tome decisões a longo prazo e apresente resultados", diz ela. Para um cargo menor, o ideal é completar ao menos um ano. 
  • Como agir diante de uma Contraproposta
Para os especialistas, o funcionário não deve usar a nova possibilidade de emprego para barganhar com a empresa atual. Mas se o seu chefe fizer uma contraproposta, a cena muda. Para a coach Daniela do Lago, é preciso refletir se sua corporação sempre o valorizou ou se decidiu te segurar apenas quando você pediu demissão. Nesse último caso, é hora de sair. Para o orientador vocacional Maurício Sampaio, a contraproposta é o momento que você tem para questionar quais serão seus próximos desafios. "É uma abertura para o diálogo, para saber quais planos eles têm para você", afirma.


Como sair da empresa e deixar "portas abertas"
Se você decidir trocar de emprego, é fundamental fazer o máximo para sair do atual da melhor maneira possível --afinal, um dia você pode precisar dele novamente. Para a coach Daniela do Lago, o ideal é marcar uma reunião com seu chefe e comunicar a demissão com calma, e sem aproveitar a deixa para criticar a corporação. "Aborde os pontos que te fizeram mudar de forma madura. Agradeça o período de aprendizado e deixe muito claro que foi muito produtivo trabalhar com seu gestor e a equipe", afirma. Para ela, o mais importante depois de comunicada a demissão é esperar ao menos uma semana para mudar de emprego, assim, é possível passar as atividades em andamento para outros funcionários ou treinar outra pessoa para o seu lugar . 

Para não correr o risco de pedir demissão e ficar sem emprego nenhum, Daniela recomenda que o chefe só seja avisado da demissão quando você tiver um documento por escrito que comprove que a nova empresa irá contratá-lo. "Nunca peça demissão se ainda estiver em um processo seletivo. Tenha um documento com data de início, salário e cargo. Se possível, faça o exame admissional antes de avisar seu atual chefe que irá sair".
Fonte: http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2012/07/23/o-que-pesar-na-hora-de-decidir-entre-o-emprego-atual-e-uma-nova-proposta.htm

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